RAIANA RIBEIRO - PORTAL APRENDIZ -
29/04/2013 - SÃO PAULO, SP
Introduzir a tecnologia em sala de aula já não é
tarefa fácil. Além do investimento financeiro que a medida impõe, as
instituições de ensino acabam tendo que destinar tempo e recursos na formação
de educadores e adaptação de conteúdos. E como se não bastasse, em pouco tempo
de implementação, especialistas na área já chegaram a um consenso: não basta
apenas ter um tablet à mão, é preciso que a escola absorva os princípios da
cultura digital.
“Digitalização não tem a ver apenas com introdução
de tablets e projetores em sala de aula. Tem a ver com uma mudança de cultura”,
analisa Ana Barroso, especialista em comportamento digital, sócia da Sodet –
empresa que desenvolve ferramentas de colaboração e compartilhamento de
informações.
Segundo ela, os educadores precisam ter acesso à
ferramentas que os possibilitem compartilhar e distribuir o conhecimento que já
possuem. “É muito comum ver professores em pânico diante de tantos estímulos.
Muitas vezes eles terminam isolados tentando lidar com redes sociais e outras plataformas.”
Para evitar esse tipo de situação, uma das saídas
propostas por Ana é a formação de redes. Ela acredita que essa pode ser uma
forma de romper com o medo da tecnologia e permitir a troca de experiências
exitosas entre docentes. Como resultado imediato, eles teriam disponível um
grande leque de vivências em sala de aula.
Educação do Futuro
Alguns países, como Estados Unidos e Finlândia, vêm
testando formatos educacionais nos quais a incorporação da cultura digital –
com ênfase para os aspectos de co-criação, colaboração e compartilhamento –
acabaram forjando novos paradigmas de aprendizagem.
Durante o “Congresso Visão XXUNO: O desafio de
construir a escola”, que o Portal Aprendiz acompanha em Orlando, Estados
Unidos, o diretor geral da Santillana Digital, Miguel Barrero, apresentou os
alicerces da educação do futuro.
Flip Education
Baseada em pesquisa e investigação, a chamada
Educação Invertida pressupõe que a escola é um lugar de interação e, sobretudo,
um espaço para sanar dúvidas. Por meio de videoaulas, os alunos recebem os
conteúdos a serem estudados em casa e vão às aulas para construir significados
sobre o que aprenderam. Nesse modelo, o estudante é protagonista do processo
educativo e cabe ao professor estabelecer dinâmicas e caminhos, a fim de
orientá-lo. O mobiliário tradicional de uma sala de aula não dá conta dessa
proposta, por isso, a tendência é que os espaços educativos sejam todos
circulares. Na Finlândia, esse cenário já é uma realidade.
Anytime Anywhere Education
Educação Expandida é aquela que ocorre a qualquer
tempo, em qualquer lugar. Na prática, isso implica numa aprendizagem para alem
do horário escolar e dos muros da escola.
Open Education
Nos próximos anos, a demanda por uma educação
gratuita e de acesso a todos será cada vez maior. Com o aparecimento de
plataformas que podem ser utilizadas no processo pedagógico, como Instagram e
Pinterest, somadas àquelas desenvolvidas por empresas e universidades com essa
finalidade, o mundo está prestes a ser um grande território educativo.
Adaptive Education
Implementada em Nova York em larga escala, por meio
do programa iZone, a denominada educação personalizada tem no aluno a chave
para o aprendizado. Em vez de convencê-lo de que determinado assunto deve ser
estudado, a personalização do ensino parte dos seus interesses e de suas
potencialidades para estabelecer o processo educativo.
P2P Education
Estudos indicam que a confiabilidade entre iguais é
muito maior do que quando há uma hierarquia estabelecida. A educação entre
iguais eleva o protagonismo do aluno ao regime de colaboração e
compartilhamento. Ou seja, esse modelo propõe que alunos compartilhem entre si
a produção de conhecimento.
BYOD Education
Bring Your Own Device (Traga seu próprio
dispositivo) é o mote de uma educação plenamente digitalizada. Não importa se
tablet ou smart phone, o fato é que esses gadgets serão cada vez mais falados
quando o assunto for educação.
Será o fim da escola?
Diante dessa nova realidade, é impossível não se
perguntar se veremos o fechamento massivo de escolas pelo mundo. Axel Rivas,
docente argentino especializado em política educacional, acredita que as
escolas não desaparecerão porque serão capazes de se repensar.
Rivas falou durante o congresso sobre a necessidade
da escola se reinventar, desconstruir alguns dogmas que acompanharam sua
trajetória como instituição e ser capaz de desempenhar um papel relevante no
contexto das novas tecnologias.
“A ameaça do fim das escolas existe e nunca antes
foi tão difícil ser docente. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, temos muito
mais liberdade para ensinar e aprender”, reflete o professor.
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